Gestão participativa: conceitos e operações fundamentais
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Introdução
O homem interpreta o mundo e interage com a realidad e física e social em que está inserido a partir de valores, representações e p adrões de relação culturalmente assimilados.
A ciência cria paradigmas para descrição e explicação dos fe nômenos e, assim, possibilita a predição e o controle de diferentes processos de transformação.
Com a Física newtoniana, prevalece o paradigma mecanicista
. De certa forma, por ter chegado a explicações e equações relativamente simp les, a Física torna-se uma espécie de matriz para as demais ciências embrionárias. O taylorismo ou
"administração científica" concebe as organizações (fábrica
s) como grandes máquinas e os trabalhadores como extensões das máquinas que as integram. O paradigma burocrático é a tradução da concepção mecanici sta para a administração pública. Como bem o demonstra Kuhn (1970), a superação de um p aradigma, mesmo no campo restrito da ciência, é lenta e encontra grand es resistências. No período de transição convivem elementos do velho e do novo paradigm a que vai progressivamente substituindo, com vantagem, representaç ões, atitudes e procedimentos. Em oposição ao velho paradigma, os novos paradigmas enfat izam a interdependência, a relatividade, a visão holística (glob al), as relações do fenômeno com o "campo" em que ele ocorre, a abordagem sistêmica, a "autopoiese" ou auto- construção, a melhoria contínua das representações e proc edimentos. Tais conceitos guardam relação muito maior com a Biologia d o que com a Física mecanicista. Constata-se que é mais adequado compreender as organizações como organismos vivos do que como máquinas. As próprias máquina s, com o avanço da informática, passam a contar com possibilidades múltiplas de programação diferenciada e auto-ajuste (feedback), peculiares aos org anismos. Por outro lado,
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Professor do departamento