Gestão como doença social
Na primeira parte do livro o autor aborda a questão do mal-estar gerado pela gestão, devido ao descomprometimento com a ética, onde as considerações contábeis e financeiras importam mais que as considerações humanas e sociais. Por trás da racionalidade fria dos números, surge uma ideologia quantofrênica (obsessão pelo número) que faz os homens perderam o senso de medida, onde em vez de medir para melhor compreender, compreende-se apenas o que é mensurável. A gestão de pessoal é substituída pela gestão dos recursos humanos, onde os efetivos são considerados como um custo que convém reduzir de todos os modos a fim de se adaptar às exigências do mercado.
Na segunda parte do livro, o autor aborda a gestão como doença, metáfora que o mesmo utiliza não para falar da gestão em si, mas sim dos sintomas gerados por ela, como a insensatez no trabalho e na vida social. Aborda a sociedade sobre a imensa pressão que os indivíduos sofrem. Tudo o que o homem ganha, o faz a um alto preço. Ao ser humano é imposto como ”norma” a adaptação permanente às transformações socioeconômicas no mundo do trabalho
Uma organização não é neurótica, nem paranóica, nem perversa. Em troca, seu modo de funcionamento pode suscitar nos empregados comportamentos neuróticos, paranóicos ou perversos (ENRIQUEZ, 1998, citado por GAULEJAC, 2007, p.224).
Para Gaulejac, a compreensão de gestão não deve ser realizada por modelos teóricos inspirados nas ciências exatas, mas sim, nas ciências sociais. Assim, o trabalho não pode ser considerado unicamente sob o ângulo da produção e dos resultados, mas igualmente sob o ângulo do sentido da atividade, da subjetividade e da vivência, que são variáveis tão