gestao de qualidade
PROF. DR. SATOSHI KITAMURA1
INTRODUÇÃO
O
fato da ocupação, dentre vários outros, constituir-se em um fator importante na causalidade de muitas doenças é conhecido há vários séculos. As primeiras relações entre doenças e trabalho foram feitas por
Hipócrates. As primeiras publicações relacionando o trabalho e as doenças apareceram no século XVI, com Georg Bauer
(1556) em sua obra “De Re Metallica”, na qual relatava as doenças e os acidentes mais freqüentes entre os mineiros. Em
1567, surgiu “Von der Bergsucht und anderen Bergkrenkeheinten” de Paracelsus. (5, 6, 9)
Neste particular, uma publicação que ocorreu em
Módena, Itália, e que, embora à época, não tenha tido repercussão, foi o livro “De morbis artificum diatriba” – “O tratado da doença dos trabalhadores”, que hoje em dia é considerado como uma preciosidade literária pelos especialistas em saúde do trabalhador. Escrito em 1700, por Bernardino Ramazzini, cognominado “O Pai da Medicina do Trabalho”, a obra (7) apresenta a descrição minuciosa de 54 doenças atribuídas ao trabalho, às condições ou ao ambiente de trabalho. A Ramazzini é atribuída a introdução na anamnese do paciente, da pergunta “Qual é a sua profissão?”
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Médico do Trabalho, Professor assistente-doutor, Área de Saúde
Ocupacional do Departamento de Medicina Preventiva e Social,
Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.
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Impressiona mesmo hoje em dia a riqueza de detalhes com que descreve o trabalho e a doença. Apenas a título de exemplo, vale transcrever um trecho de sua obra, traduzida para o português por Raymundo Estrela (7), que se refere a uma doença que vem se constituindo como a causa da “epidemia do século”, ou melhor as DORTs (Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). Escreve
Ramazzini: “... a primeira e a mais importante, é a natureza nociva da substância manipulada, que pode produzir