Gestao ambiental
OPINIÃO
Athayde Tonhasca Jr.
Scottish Natural Heritage, Edimburgo (Reino Unido)
Os serviços ecológicos da mata atlântica
Em uma ótica estritamente econômica, a exploração predatória e a derrubada das florestas são mais vantajosas
– geram mais riqueza – do que sua preservação. Essa análise, porém, não leva em conta o valor dos ‘serviços ecológicos’ prestados pelos ecossistemas florestais, muito superior aos ganhos obtidos com sua destruição. No caso da mata atlântica, a grande relevância desses serviços e o valor social e cultural dessa floresta para a população brasileira fortalecem a convicção de que a vegetação que ainda resta precisa deixar de ser tratada como um bem de consumo.
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egundo a Organização das
Nações Unidas, a população humana atingiu em 2000 a marca de 6 bilhões de indivíduos. Para alimentar todos esses estômagos, as necessidades de terra e de recursos para plantar, gerar renda e criar empregos são cada vez maiores. A pressão causada pela expansão populacional é mais intensa nos países do Terceiro Mundo, onde grande parte das pessoas está destinada a viver sob condições de pobreza extrema e sofrer todas as suas conseqüências, desde a falta de acesso à saúde e à educação até a carência nutricional aguda.
Tais países de condições econômicas e sociais precárias concentram as riquezas biológicas do planeta, e é neles que medidas de preservação ambiental esbarram em sérias argumentações utilitárias e pragmáticas. Derrubar florestas para retirar madeira ou secar mangues para construir conjuntos habitacionais são ações justificadas pela necessidade de melhorar as condições de vida das pessoas. A oposição à exploração da natureza é vista como atitude elitista de ambientalistas urbanos insensíveis à realidade. Entretanto, é cada vez mais evidente que a integridade dos ecossistemas tem enorme importância econômica, social e cultural, e que a