Gestao ambiental
Claudia Brasil (reportagem) e Marcelo Oliveira (edição)*
Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais, ainda preserva aquele ar de cidade do interior, mas, aos 308 anos, isso começa a mudar. A cidade, que se tornou conhecida pelo ecoturismo (proporcionado por belezas naturais como a famosa Cachoeira do Tabuleiro), é agora uma nova fronteira econômica. A riqueza a ser explorada está no subsolo: o ferro. E antes mesmo que o minério comece a ser extraído, os primeiros impactos já são evidentes. A compra de terrenos pela mineradora Anglo American trouxe problemas para vários moradores.
Integrante de uma família de lavradores, João Élcio Pimenta vendeu sua propriedade em setembro de 2010. Só recebeu o dinheiro um ano depois, sem qualquer correção. Ele garante que muitas outras promessas feitas pela mineradora ainda não saíram do papel. "Negociei 30 hectares com eles [a empresa], mas só me pagaram agora – mais de um ano após a transação –, sem juros. Não concordo com isso. Além disso, não me deram documentação ou um comprovante sequer sobre os royalties. O próprio advogado deles me falou que eu teria direito aos royalties daqui a quatro anos, quando começarem a tirar o minério”, afirma.
As reclamações são compartilhadas pelo lavrador Lúcio da Silva, que argumenta que as ações da mineradora para compra de terras em Conceição do Mato Dentro não são corretas. "Estão nos tirando à força. Estamos nos sentindo massacrados e vendo as pessoas sendo massacradas."
Procurada pela reportagem, a mineradora Anglo American não quis se manifestar.
Impactos rural e urbano
O secretário de Meio Ambiente de Conceição do Mato Dentro, Sandro Lage, está preocupado. Ele ressalta que os problemas decorrentes da mineração atingem o campo e também a área urbana. "Na região específica da planta da mina, já temos um impacto grande com o reassentamento da população diretamente afetada pelo