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Gestação na adolescência pós século XX – Refletindo sobre as ambivalências presentes na literatura sobre o fenômeno
A partir da metade do século XX, com o desenvolvimento do conceito de adolescência, a gestação neste período começa a ser considerada como um problema social. A gravidez durante esse momento da vida passa a ser vivida como sinônimo de risco e perdas de oportunidades, já que essa provoca a interrupção de um processo de desenvolvimento e amadurecimento esperado, no qual o indivíduo realiza diferentes ensaios, que o prepararão adequada- mente para inserção no universo adulto, de responsabilidades.
A gestação adolescente, nesse sentido, passa a ser vista como um problema de saúde pública, na medida em que se associam inúmeros os riscos biopsicossociais tanto para a gestante/mãe adolescente quanto para o bebê (CABRAL, 2003). Além disso, em termos de estruturação familiar, é apontado pela literatura que a procriação durante a adolescência não ocorre dentro de um relacionamento estável e/ ou formalizado, assim é enfatizado que a jovem ainda não apresenta condições emocionais e econômicas para dar uma estrutura familiar adequada ao bebê (MARIN; LEVANDOWSKI, 2008; TAQUETTE, 2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados encontrados nesta pesquisa contribuem para a proposição de que não é possível considerar a gravidez na adolescência de uma forma homogênea e que, embora não constitua em todas as oportunidades algo positivo e isento de riscos ou problemas, ela não é sempre acidental, irresponsável ou problemática, como o senso comum tende a estabelecer como verdade. Há significativas diferenças que precisam ser ressaltadas, entre elas as circunstâncias na qual a gravidez ocorre, as condições prévias de saúde, a idade materna, o nível de escolaridade, a classe social, as condições de acesso aos serviços de saúde, os relacionamentos familiares, afetivos e conjugais, as expectativas pessoais, entre outras. O fato de a mãe ser adolescente, portanto,