Gest O Da Qualidade I Parte 1
I – Histórico da Gestão da Qualidade
I.1 – Modelo artesanal
Para entendermos o conceito de Gestão da
Qualidade, precisamos passear um pouco pela história, buscando interpretar esse conceito e sua evolução à luz do ambiente produtivo vigente na época.
Se fizermos uma viagem no tempo e perguntarmos a um artesão o que significa qualidade e confrontarmos com trabalhadores de diversas épocas posteriores, receberemos respostas bastante diversa.
O artesão era um especialista do produto até a pósvenda. Nessa época, o cliente estava próximo do artesão, explicando suas necessidades, as quais o artesão
Fig.1- Artesão nos dias de hoje procurava atender, pois sabia que a comercialização de seus produtos dependia muito da reputação de qualidade, que, naquele tempo, era comunicada boca a boca pelos clientes satisfeitos.
Nesse sentido, o artesão tinha em sua abordagem de qualidade alguns elementos bastante modernos, como o atendimento às necessidades do cliente. Por outro lado, conceitos importantes para área de qualidade moderna, como o de confiabilidade, conformidade, metrologia, tolerância e especificação, ainda eram embrionários. Além disso, o foco de controle da qualidade era o produto, não o processo, feito via inspeção de todos os produtos pelo artesão.
Esse
paradigma
ainda
encontrava eco no final do século XIX, quando a
maior
montadora
de
automóveis, a Panhard e Levassor
(P&L),
montava
atendendo
as
seus
veículos
necessidades
dos
abastados clientes que a procuravam; não havia dois carros iguais. Um grupo de
qualificado
artesãos era altamente
responsável
pela
fabricação de componentes e peças
Fig. 2 - Emile Levassor dirige seu primeiro
Panhard. Sua esposa Louise e o parceiro
Rene Panhard sentados no banco de trás.
específicos e, posteriormente, pela montagem do veículo e pelos testes, ou seja, um
2 processo semelhante à fabricação de um protótipo atualmente. Naquele tempo, era comum ocorrer o susto dimensional, em que o tamanho de um veículo