Germinal
"Meu papel foi recolocar o homem no seu lugar dentro da criação, como um produto da terra, submetido ainda a todas as influências do meio; e no próprio homem coloquei em seu lugar o cérebro, um órgão entre outros órgãos, porque não creio que o pensamento seja outra coisa além de uma função de matéria." (Émile Zola)
Émile Zola, francês, foi o criador do gênero de romance naturalista, influenciando autores muito importantes da literatura em língua portuguesa, como Eça de Queirós e Aluísio de Azevedo. Vivendo nas décadas finais do século XIX, em que a fé no progresso e o culto à ciência imperavam nos círculos intelectuais em nível praticamente mundial, o estilo de Zola decorre de uma fusão do romance realista de Balzac, Stendhal e Flaubert, baseados na crítica de costumes sociais, com autores da biologia e da medicina, como Darwin e Claude Bernard. Da fusão do realismo com a biologia, Zola criou a escola naturalista, em que a análise social, crítica, do comportamento de seus personagens busca fundamentos no conhecimento científico da biologia de sua época. Assim, as características mais marcantes de sua obra, presentes também nos demais autores naturalistas, são:
1) Em primeiro lugar, a visão do homem como um animal, movido pela eterna satisfação de suas necessidades biológicas e pela adaptação ao seu meio. Repetidas vezes, Zola descreve as ações e o comportamento de seus personagens humanos como próprias de animais, ou então descreve animais como dotados de comportamento quase humano (como o cavalo Batalha, o "filósofo").
2) Em segundo lugar, a ação humana é muito inluenciada por questões patológicas na obra de Zola. O desenvolvimento da vida de seus personagens depende muito das doenças as quais os mesmos estão submetidos. Obviamente, isso decorre da busca de fundamentação científica para descrever o comportamento humano pelo autor. Assim, enquanto os mineradores, por estarem em contato com mais doenças, já são descritos fisicamente e