Geração x e y
Imediatistas e irreverentes, os representantes da Geração Y chegam ao mercado de trabalho para mostrar que falta de cerimônia pode ser excesso de competência
Ana Paula Kuntz (redacao.vocesa@abril.com.br) [pic] 24/09/2009
Estudante de marketing e estagiário da Shell há um ano e meio, o o paulistano Marco Doti, de 21 anos, se acha amigo do chefe, não adapta seu discurso para se dirigir aos superiores e é prova de que competência não depende de formalidades. ''Às vezes falo com meu chefe como falo com meus amigos. Ele não gosta muito, mas, se estou lá até hoje, acredito que ele admire outras qualidades em mim”, diz. Apesar da irreverência, Doti já ganhou moral na empresa ao conseguir uma proeza: um estoque de brindes, cuja renovação da licença de uso do fornecedor custaria à Shell mais de R$ 20 mil, saiu de graça depois que o insistente estagiário propôs um acordo vantajoso para ambas as partes. “Todos diziam que eu não conseguiria.
Mas agendei a reunião e intimei meu chefe a ir comigo”, afirma Doti, que também já foi designado a dar uma carona ao presidente da companhia. “Fui logo avisando que no meu carro eu não era funcionário dele, e durante o percurso, levamos um papo de igual para igual. Não sei por que as pessoas têm medo ser verdadeiras com os chefes.”
A história traduz uma situação que acontece hoje nas empresas. Enquanto os chefes, boa parte da geração X (nascidos entre 1965 e 1977) e baby boomers (nascidos entre 1946 e 1977), aqueles que têm mais de 30 anos, espera uma atitude de certa reverência dos subordinados, quem está abaixo na hierarquia nem sempre associa cargo à autoridade. O respeito, para eles, está ligado ao talento e habilidades dos profissionais com quem trabalham. “As pessoas que eles admiram profissionalmente são quem eles tratam como ‘chefe’. Não basta a autoridade do cargo. É necessário merecer por outras vias”, explica o consultor Rolando Pellicia, do Hay Group, de gestão de pessoas, com sede em