Geração de 70
Designação com que Oliveira Martins batizou, em 1888, o "grupo jantante", de onze intelectuais portugueses, que se encontrava ora no Café Tavares ora no Hotel Bragança, e que congregava, para fins de mero convívio e diversão, os membros mais destacados da chamada Geração de 70, entre os quais o próprio Oliveira Martins (autor da denominação Vencidos da Vida), Ramalho Ortigão, Guerra
Junqueiro, António Cândido, o Marquês de Soveral, o conde de Ficalho e, a partir de 1889, Eça de
Queirós. Para além destes, e para completar o grupo dos onze também participaram Carlos Mayer,
Carlos Lobo d'Ávila, Bernardo de Pindela e o conde de Sabugosa.
Vários destes intelectuais estiveram associados a iniciativas de renovação da vida social e cultural portuguesa de então, como as Conferências do Casino. Como um grupo, ficaram conhecidos (embora não com inteira justiça) pelo seu diletantismo, por um certo mundanismo desencantado. Estes não eram, contudo, sinais de falta de profundidade intelectual, como comprovam as abundantes realizações dos seus membros na política, na diplomacia, na historiografia e na literatura.
Respondendo aos comentários dos muitos que desconfiavam da existência de intenções políticas ocultas por detrás destes encontros, nomeadamente a uma crónica de Pinheiro Chagas no Correio da
Manhã, em que este ironizava sobre o facto de todos aqueles vultos eminentes da sociedade portuguesa se autoproclamarem vencidos, Eça escreveu: "Mas que o querido órgão [Correio da Manhã], nosso colega, reflita que, para um homem, o ser vencido e derrotado na vida depende, não da realidade aparente a que chegou, mas do ideal íntimo a que aspirava". O autor de Os Maias dava, assim, voz ao sentimento de desencanto ou frustração de uma geração que almejara a reforma sociocultural profunda do país e que, como Eça dizia desde 1878, parecia ter "falhado". Com a morte e o afastamento progressivo dos seus membros, o grupo dos "Vencidos da Vida" dissolveu-se