Geraldo Vandre
MORTO-VIVO DA
DITADURA DO BRASIL
“Deixo claro que a firmeza do meu canto vem da certeza que tenho de que o poder que cresce sobre a pobreza e faz dos fracos riqueza, foi que me fez cantador”. (Geraldo Vandr?
? em 1968, na introdução da canção “Terra Plana”)
Só existem dois mitos na música brasileira: Elis Regina e Geraldo Vandré. Elis com a sua morte precoce, aos 36 anos, e Geraldo Vandré com a sua renúncia à vida, na “volta” do ex ílio em 1973.
Geraldo Vandré se transformou num morto-vivo aos 38 anos de idade. Está atualment e com 77 anos. Como se vê, tem mais anos como morto insepulto do que vivo.
O que teria ocorrido para que esse paraibano de João Pessoa abandonasse uma carreira artística tão promissora que em pouco tempo fez dele o maior compositor brasileiro?A resposta é muito simples e está nestes versos musicados:
“... Pelos campos há fome em grandes plantações
1
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”
Em 1968, estes versos foram cantados pelo próprio Vandré se acompanhando ao viol?
?o para delírio de 30 mil pessoas que lotavam o Maracanãzinho que vaiavam estrepitosamente a música “
Gravada logo em seguida, surpreendentemente, por Luiz Gonzaga, a música seria proibida depois do advento do AI 5, afinal nenhuma ditadura militar toleraria versos tão provocantes e verdadeiros. Mas essa era a característica marcante das canções de Vandr é: ele era um doutrinador, um domador de consciência das massas, e se esse papel j?
? preocupa os regimes democráticos, imagine o estrago que