geracao coca cola
Começaremos a análise com a música Geração Coca-Cola do primeiro álbum da banda, Legião Urbana, lançado em 1984. Essa música possui como tema a ironização da representação que a sociedade da época tinha da juventude. Os compositores da música, Dado Villa-Lobos e Renato Russo percebem essa imagem construída sobre a geração a qual pertencem e não se identificam com ela. O discurso que proferem se dirige para essa mesma sociedade. O fato de usarem a terceira pessoa do plural também denota a coletividade do discurso, ou seja, estão falando por todos os jovens que também não se identificam com a imagem dominante.
Essa imagem, contra a qual a música se faz, considera um jovem inserido numa sociedade contemporânea; como se percebe pelos termos comercial, industrial, cinema e enlatados; um ser manipulado, passivo, semelhante à visão que se tinha do teenager nos EUA, submetido à cultura exportada pelo imperialismo norte-americano, aceitando-a sem nenhuma crítica (Quando nascemos fomos programados/A receber o que vocês/Nos empurraram com os enlatados/Dos U.S.A., de nove as seis ), por isso pertencia a chamada “Geração Coca-Cola”. Entretanto, pode-se perceber que havia também em torno da juventude uma expectativa (Somos o futuro da nação), embora já num ambiente pós-utópico, no qual as grandes ideologias e sonhos revolucionários estão desacreditados (Somos os filhos da revolução/Somos burgueses sem religião).
O jovem que a música quer construir, contrário à representação que a sociedade tem, possui uma visão negativa desta (Desde pequenos nós comemos lixo [...] Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês). Ele é capaz de entender os mecanismos pelos quais a sociedade funciona