Geografia
No Brasil, a regulamentação das relações de trabalho, durante o Estado Novo (1930–1940), que a cida de Santos chama de cidadania regulada, constituiu-se juntamente com a ampliação da rede pública de educação primária, visando disciplinar operários para as fábricas que se expandiam. A cidadania regulada ocorre num período de ampliação dos postos de trabalho e materializa-se no exercício de uma profissão que, por sua vez, define a formação profissional que se irá fazer nas escolas técnicas e no Sistema "S" Ficam excluídos dessa cidadania os agricultores, os desempregados e os sem-profissão, na maioria negros.
A atual desregulamentação das relações de trabalho imposta pelo Estado neoliberal, aliada ao desemprego, amplia o número daqueles que não têm acesso aos direitos conferidos pela cidadania regulada. Essa desregulamentação atinge as profissões que tinham suas atribuições definidas e salários registrados na Carteira de Trabalho, substituídas agora pelas "competências" individuais que as escolas técnicas têm dificuldade para definir em seus currículos. Sabe-se, em todo o caso, já não ser mais a força coletiva dos sindicatos quem as define, mas a relação patrão-empregado que, em um contexto de desemprego, deixa o trabalhador refém do empregador.
A força dos movimentos do campo fez com que os agricultores familiares fossem incluídos na cidadania regulada pela Constituição "Cidadã" de 1988, que os integrou ao sistema produtivo como trabalhadores rurais e ao sistema previdenciário como cidadãos portadores de direitos. Não foi, portanto, a escola rural, que historicamente tem negado seu estatuto de sujeitos produtores de bens e de saberes, que lhes conferiu ingresso na cidadania regulada, mas a sua capacidade de organização e de luta pela terra e por direitos sociais.
A educação é reconhecida, pela maior parte dos autores que tratam da cidadania, como um direito essencial enquanto propiciador das condições necessárias à