Geografia e Movimentos Sociais
CATALÃO
AGOSTO DE 2014
GEOGRAFIA E MOVIMENTOS SOCIAIS
A proposição de um cabedal analítico sobre os movimentos sociais a partir de olhares de Geografia – ou, a partir de raciocínios como o tema dos movimentos sociais vem sendo tratado no âmbito desta disciplina. Há uma tendência de incorporação da análise espacial, que, se nunca foi um monopólio dos geógrafos, ocupou sempre posição marginal nas demais ciências humanas esta segunda tendência se insere num movimento de afirmação do espaço na teoria social (sobretudo na teoria crítica), o qual Soja (1993) explorou com bastante atenção – e que é objeto de observações críticas por parte de Souza (1988a).
Por ora, é relevante um olhar sobre as diferentes formas de aproximação da Geografia e dos geógrafos em relação aos movimentos sociais, mas, devemos atentar para o fato de que as duas tendências apontadas ocorrem simultâneas e, podemos dizer imbricadamente: a afirmação do espaço na teoria social se dá num contexto de mudanças paradigmáticas onde sobretudo aqueles campos do pensamento social preocupados com a transformação da realidade são impactados pelo revisionismo de utopias, dentro do qual os movimentos sociais emergem na cena politica e analítica como possíveis sujeitos da transformação - uma espécie de “príncipe de Maquiavel”, aquele que principia o processo, papel que até pouco tempo atrás as utopias orbitantes em torno do cabedal marxiano acreditavam caber ao proletariado representado pelo partido. A valorização da diversidade de experiências de luta contra forças hegemônicas do capitalismo na era da globalização vem promovendo, então, a convergência dos olhares sobre os movimentos sociais e a afirmação do espaço enquanto dimensão fundamental da experiência social – movimento teórico e analítico que pode ser exemplificado atualmente com a proposta da “sociologia das emergências” e a “sociologia das ausências” de Boaventura de Souza Santos, ou