Geografia crítica e ensino
Willian Vesentine, em seu texto Geografia crítica e ensino, diz que as relações entre geografia e ensino são íntimas, porém, são pouco discutidas entre ambos.
Segundo ele, a “escolarização da sociedade”, dá-se a partir do desenvolvimento do capitalismo, urbanização e concentração populacional nas cidades.
Outro aspecto interessante que ele destaca é o de que: “É evidente que a escola não produz, mas apenas reproduz as desigualdades sociais; mas sua função ideológica parece ser bem mais eficaz que as formas anteriores de legitimar privilégios de estamentos ou ordens. E, além disso, a escola contribui para a reprodução do capital: habitua aos alunos à disciplina necessária ao trabalho na indústria moderna, a realizar novas tarefas sem discutir para que servem, a respeitar a hierarquia; e serve para absorver parte do exército de reserva, segurando contingentes humanos ou jogando-os no mercado de trabalho, de acordo com as necessidades do momento...”16-17
Para Vesentine, o principal escopo da geografia escolar é a difusão de uma ideologia patriótica e nacionalista. Segundo ele, este tipo de educação enaltece a potencialidade do Estado-Nação, e prega que, o Estudo do Brasil deve começar pela área e formato do território, destacar sua riqueza e, no mapa, sempre mostrar a sua cidade-capital em seu centro geográfico, no coração do Brasil. Foi assim, que a “geografia dos professor” foram interligadas no século XIX e são até hoje.
Algumas determinações do discurso geográfico pós século XIX se alteraram. Com a internacionalização do fato industrial, a ideologia patriótica e nacionalista já não é tão importante no ensino elementar e médio; com a evolução tecnológica, a descolonização, as alterações na divisão internacional do trabalho, o espaço continente perdeu sua importância. O espaço mundial hoje é descontínuo, limitado pela economia ou pela política, móvel e difícil