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MARCO AURÉLIO VIANNA - A ciência da administração do século XX vai ser inteiramente revista nos seus fundamentos, o que, na realidade, é um grande paradoxo. A empresa, as organizações são, de certa maneira, responsáveis pelas grandes evoluções, pela inovação tecnológica do mundo e pelo avanço da expectativa de vida das pessoas, mas são, em si, das instituições mais retrógradas que existem hoje.
Por quê?
Porque a organização da empresa se baseia em conceitos do início do século. O organograma é baseado na experiência e na tecnologia do exército da Prússia, de 1720. Quando a estrada de ferro americana, em 1850, contava com 10 mil funcionários e precisava se organizar, os dirigentes perguntaram: "Recorro a quem?" Recorre ao exército da Prússia de apenas 130 anos atrás, que se baseava na Igreja Católica Apostólica e que se baseava nos centuriões romanos. É esta organização que prevalece até hoje. E ainda tem uma coisa interessante: é que nas duas guerras, devido ao sucesso dos países vencedores, principalmente na Segunda Guerra Mundial, as empresas foram um receptáculo muito grande dos oficiais bem-sucedidos na guerra e que reforçaram o aspecto hierárquico, militarizado, estratificado, voltado para o controle. Essa foi a grande característica, o paradigma da burocracia, que constituiu a empresa do século XX.
O Drucker (Peter Drucker) tem uma visão distinta disso? Qual o impacto das idéias dele?
Eu acho que não. O Drucker criou, a partir de 1950, a visão de uma nova empresa. Em 1954, 1956, ele lança a idéia - só assimilada quase 40 anos depois pelas empresas brasileiras - de que o cliente é a peça mais importante para as organizações. Ele propôs, então, o processo, ou a dimensão da inovação e da tecnologia, como verdadeiro fator crítico das organizações. Foi, também, o primeiro a falar no trabalhador intelectual, dizendo que a sua produtividade era medida pelo grau de felicidade e de