Gato preto gato branco
Envolvem-se em todas as negociatas que pode, invejando a riqueza do amigo Dadan (Todorovic). Com a ajuda de algumas mentiras, Matko consegue um empréstimo do "padrinho" local, Grga Pitic (Sulejman), um companheiro de outros tempos, e de outros crimes, do seu pai, Zarije (Memedov). Os "avôs" já não se encontram muito bem de saúde, mas mantém o discernimento e o bom humor. Matko convence Dadan a ajudá-lo num roubo, mas as coisas vão correr mal, o que coloca o primeiro numa situação de dívida para com o segundo. Dadan aproveita o crédito para negociar o casamento da sua irmã, Afrodita (Ibraimova), com o filho de Matko, Zare (Ajdjni). Zare, claro, não está nada interessado, não só porque não gosta da noiva imposta - conhecida por "anã" e "joaninha" -, mas porque está apaixonado por Ida (Katic), que trabalha num bar das redondezas.
Emir Kusturica volta a pegar em personagens ciganos, neste filme vencedor do prémio para a melhor realização no Festival de Veneza do ano passado, depois de anteriormente ter manifestado a sua intenção de abandonar o cinema, face a acusações de que «Underground» (1995) fazia a apologia dos Sérvios, no seio do conflito entre as diversas etnias da ex-Jugoslávia. Isso não impediu que o anterior filme fosse venerado pela crítica, multi-premiado pelos mais importantes festivais de cinema, com o óbvio destaque para a Palma de Ouro em Cannes, nem que viesse a constituir um relativo sucesso de público - tanto quanto uma comédia falada em Servo-Croata, embebida em parábolas políticas, poderia almejar, num cenário dominado por um produto anglo-saxónico de fácil digestão.
«Gato Preto, Gato Branco» partiu do desejo, de Kusturica, de filmar um documentário sobre a banda que animava os personagens de «Underground». Não é propriamente isso que temos agora a oportunidade de ver, mas a vitalidade e o ritmo da banda sonora dessa obra continuam presentes (infelizmente é uma questão de sorte vê-lo numa sala que se lembre de ligar o