Gargântua
Diversas reflexões sobre o olhar, a partir dos relatos de dezenove pessoas, com diferentes graus de deficiência visual (da miopia à cegueira), sobre como se vêem, como vêem os outros e como vêem o mundo, são apresentadas no documentário “Janela da Alma”, de Walter Carvalho e João Jardim.
A idéia de visão, trabalhada pelos diretores, não se restringe a uma manifestação física, a um simples enxergar, mas dialoga com a idéia de compreensão. A partir de qual compreensão, a partir de qual visão se vê e se entende o mundo?
O pano de fundo do documentário pode servir como um ponto de partida para a reflexão sobre a pesquisa jurídica desenvolvida no âmbito da graduação, em especial no desenvolvimento de monografias de conclusão de curso e na dificuldade muitas vezes apresentadas na compreensão da idéia de marco teórico da pesquisa.
Para se adentrar nesse debate, todavia, é necessário primeiramente abordar alguns pontos relativos à monografia de conclusão de curso e que dialogam, consequentemente, com a idéia de marco teórico.
A monografia de conclusão de curso é o momento de maior autonomia do aluno de graduação, na medida em que possui liberdade para para definir a área na qual desenvolverá sua pesquisa e, mais importante, momento no qual tem a possibilidade de exercer uma leitura crítica acerca do tema escolhido.
É importante recordar que a pesquisa não se confunde com um simples aprofundamento de estudos e relaciona-se com uma das principais características do ensino superior, de não se limitar a repetir a produção de conhecimento já consolidado, mas refletir sobre esse conhecimento.
Na tradição do ensino jurídico muito se confundiu a idéia de pesquisa com um estudo (às vezes) mais aprofundado, marcado notadamente pela compilação e repetição de idéias e muitas vezes de trechos de outros autores sobre determinado tema, desprovido de qualquer metodologia racional e crítica de levantamento e análise de