Gaijin I
A história de Titoe (Kyoko Tsukamoto) e Yamada (Jiro Kawarazaki) expõe a trajetória dos novos imigrantes. A propósito, o casamento dos dois personagens só se dá pelo fato de a companhia de emigração só aceitar grupos familiares que tivessem pelo menos um casal.
Se hoje os japoneses estão integrados à nação brasileira, tendo estabelecido um rico intercambio sócio-cultural, esta adaptação, a princípio, foi muito dura. Ao imigrante eram oferecidas as piores condições de trabalho, aquele que sobrava e que ninguém queria fazer. Suas moradias eram precárias e a infindável conta na mercearia era uma das maneiras de prendê-los à fazenda. Isso sem falar no choque cultural, revelado, logo de cara, na drástica diferença das línguas. Este é o contexto do filme, que tem como cenário o imenso cafezal da Fazenda Santa Rosa, em São Paulo, a ser desbravado na unha pelas famílias japonesas.
A poesia nostálgica das lembranças sobre os rituais típicos e sobre a beleza da cultura de liberdade do povo do sol nascente dá delicadeza e ritmo ao filme. O elenco conta com consagrados atores brasileiros como Antônio Fagundes (Tonho, o contador da Fazenda) e Gianfrancesco Guarnieri (Enrico, o imigrante italiano).
O contraste do perfil dos imigrantes italianos e japoneses também é um aspecto abordado. Enquanto os primeiros apresentam-se despachados, agitadores e espalhafatosos os japoneses eram comedidos, obedientes e disciplinados. Entretanto há uma boa interação entre os trabalhadores que, em vários momentos mostram-se solidários e dispostos, de uma forma ou de outra, a buscar melhores condições de vida.
Este premiado filme, que marcou a estréia da neta de imigrantes japoneses,