Gabi
O FENÔMENO RELIGIOSO
3.1 O HOMEM: UM SER RELIGIOSO
O homem, por sua natureza, é considerado um “ser religioso”. A sua religiosidade pode ser constatada quando se observa que, ao largo da história, o mesmo tem expressado sua busca de Deus em crenças e comportamentos religiosos muito variados (orações, sacrifícios, cultos, meditações, rituais etc.).139 A etnologia e a história das religiões atestam que não se conhece povo sem templos e divindades.140
O homo religiosus não emerge só dos mundos antigos, mas atravessa toda a história da humanidade. A este propósito, o rico terreno da experiência humana viu surgir diversificadas formas de religiosidade, na tentativa de responder ao desejo de plenitude e de felicidade, à necessidade de salvação, à busca de sentido. O homem “digital”, como o das cavernas, procura na experiência religiosa os caminhos para superar a sua finitude e para assegurar a sua precária aventura terrena. De resto, a vida sem um horizonte transcendente não teria um sentido completo, e a felicidade, para a qual todos nós tendemos, está projetada espontaneamente para o futuro, para um amanhã que ainda se deve realizar.141
Faz-se muito oportuno notar que vários pensadores discorreram sobre a universalidade do fenômeno religioso. Dentre eles:
Cícero: “Não há povo tão primitivo, tão bárbaro, que não admita a existência de deuses, ainda que se engane sobre a sua natureza”. Plutarco: “Podereis encontrar uma cidade sem muralhas, sem edifícios, sem ginásios, sem leis, sem uso de moedas como dinheiro, sem cultura das letras. Mas um povo sem deus, sem oração, sem juramentos, sem ritos religiosos, sem sacrifícios, tal nunca se viu”. Max Scheler (filósofo alemão contemporâneo): “Há uma lei essencial: todo espírito finito crê em um Deus ou em um ídolo”. “A descrença em Deus, ou melhor, a alucinação persistente, que leva a por um bem similar em lugar de Deus (como o Estado, a arte, uma mulher, o dinheiro, a ciência, etc.) ou tratá-lo como