Física e biologia: possíveis limites de demarcação conceitual
Trans/Form/Ação v.29 n.2 Marília 2006
http://dx.doi.org/10.1590/S0101-31732006000200003
ARTIGOS ORIGINAIS
Física e biologia: possíveis limites de demarcação conceitual
Possible limits of conceptual demarcation
Arthur Araújo1
RESUMO
A partir do texto do físico alemão E.Schroedinger, O que é vida? (1943), analisam-se os possíveis limites de demarcação conceitual entre física e biologia. Há um limite possível entre física e biologia? Ou a biologia pode ser reduzida à física? Avaliam-se diferentes pontos de vista entre cientistas e filósofos.
Palavras-chave: física; biologia; limites; reducionismo; evolução.
ABSTRACT
From the German physicist Erwin Schrödinger's text, What is life (1943), the possible limits of conceptual division between physics and biology are analyzed. Is there a limit between physics and biology? Or can biology be reduced to physics? Different views will be analyzed among scientists and philosophers.
Keywords: physics - biology - limits - reductionism - evolution.
O sol largo como uma folha
Anaxímens de Mileto
(cerca de 585-528 a.C.)
Introdução
Que limites possíveis de demarcação podemos estabelecer entre os domínios da física e da biologia? Que critério de demarcação conceitual podemos aplicar aos possíveis limites entre o que é estritamente físico ou biológico no mundo? O velho Aristóteles já parece assinalar um possível limite entre a natureza física e a natureza animada das coisas no mundo. A Física de Aristóteles (Física, 192b 13-4) tem como objeto o princípio de movimento e mudança das coisas em si mesmas na sua natureza própria (physis). Mas quanto à natureza das coisas animadas, por oposição às coisas inanimadas (pedras, montanhas, etc), Aristóteles (De Anima, 415a 25-b1) introduz o princípio de vida, ou psykhé, e igualmente inclui as plantas entre homem e animais - a alma ou psykhé é o princípio vital dos