Função da arte
Discutir a função da arte é algo no mínimo intrigante. Por que se faz uma coisa que aparentemente é inútil? Sem utilidade aos olhares imediatistas de nossa sociedade materialista.
Para tentar entender melhor esta questão, trago aqui alguns trechos do livro de FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
"A poesia é indispensável. Se eu ao menos soubesse para quê..." Com este encantador e paradoxal epigrama, Jean Cocteau resumiu ao mesmo tempo a necessidade da arte e o seu discutível papel no atual mundo burguês.
O pintor Mondrian, por sua vez, falou do possível "desaparecimento" da arte. A realidade, segundo ele acreditava, iria cada vez mais deslocando a obra de arte, que essencialmente não passaria de uma compensação para o equilíbrio deficiente da realidade atual. "A arte desaparecerá na medida em que a vida adquirir mais equilíbrio".
A arte concebida como "substituto da vida", como o meio de colocar em estado de equilíbrio com o meio circundante trata-se de uma idéia que contém o reconhecimento parcial da natureza da arte e da sua necessidade. Desde que um permanente equilíbrio entre o homem e o mundo que o circunda não pode ser previsto nem para a mais desenvolvida das sociedades, trata-se de uma idéia que sugere, também, que a arte não só é necessária e tem sido necessária, mas igualmente que a arte continuará sendo sempre necessária.
No entanto, será a arte apenas um substituto? Não expressará ela também uma relação mais profunda entre o homem e o mundo? E, naturalmente, poderá a função da arte ser resumida em uma única fórmula? Não satisfará ela diversas e variadas necessidades? E se, observando as origens da arte, chegarmos a conhecer a sua função inicial, não verificaremos também que essa função inicial se modificou e que novas funções passaram a existir?
Como primeiro passo, é preciso advertir que tendemos a