Fundamentos

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EMA QUE ME FOI DADO desenvolver nesta conferência, embora bastante oportuno dada à atualidade dos problemas que gera, é em si mesmo equívoco devido ao caráter polissêmico do termo crise. Por essa razão, começaria minhas considerações sobre o conceito de crise, pelo menos na forma pela qual ele tem sido utilizado na antropologia. Posteriormente, procurarei distinguir modelo explicativo – que estou entendendo aqui como equivalente a paradigma – de teoria. Finalmente concluirei por uma tentativa de avaliação da vocação explicativa de alguns paradigmas constitutivos de nossa disciplina frente ao caráter compreensivo inerente ao próprio métier do antropólogo. Minha expectativa é de que possamos, juntos, aprofundar o exame do tema proposto, pois as idéias que apresentarei a seguir não devem ser tomadas senão como pontos de referência capazes de orientar o debate, porém jamais limitá-lo.
* * *
A noção de crise passou a habitar o horizonte das ciências sociais – e não apenas da antropologia – nessas últimas décadas a partir do celebrado livro de
Thomas Kuhn, A estrutura das revoluções científicas, cuja primeira edição remonta ao início dos anos 60. Tratava-se então de uma crise de paradigmas, na qual, no modo de ver de Kuhn, a história das ciências paradigmáticas (isto é, das hard sciences) constituía uma sucessão de crises, que somente poderia ser superada pela substituição do paradigma vigente na ciência normal por um novo, resultado de uma espécie de revolução científica. Muito se escreveu em decorrência da posição desse historiador da ciência, originalmente um físico, que a rigor procurava renovar a história da ciência, trazendo ao debate argumentos, inclusive, de forte apelo sociológico – como o do paradigma se assentar em comunidades de profissionais (idéia, aliás, já antecipada por seu compatriota Charles Pierce há pelo menos um século). Não vejo necessidade de evocar aqui todos os elementos que constituem o conceito kuhniano de crise e de

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