Fundamentos
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A noção de crise passou a habitar o horizonte das ciências sociais – e não apenas da antropologia – nessas últimas décadas a partir do celebrado livro de
Thomas Kuhn, A estrutura das revoluções científicas, cuja primeira edição remonta ao início dos anos 60. Tratava-se então de uma crise de paradigmas, na qual, no modo de ver de Kuhn, a história das ciências paradigmáticas (isto é, das hard sciences) constituía uma sucessão de crises, que somente poderia ser superada pela substituição do paradigma vigente na ciência normal por um novo, resultado de uma espécie de revolução científica. Muito se escreveu em decorrência da posição desse historiador da ciência, originalmente um físico, que a rigor procurava renovar a história da ciência, trazendo ao debate argumentos, inclusive, de forte apelo sociológico – como o do paradigma se assentar em comunidades de profissionais (idéia, aliás, já antecipada por seu compatriota Charles Pierce há pelo menos um século). Não vejo necessidade de evocar aqui todos os elementos que constituem o conceito kuhniano de crise e de