Fundamentos históricos
06/02/2007 Por Egidio Vaz O ingresso na carreira política gera um dilema fundamental para políticos: seguir a sua convicção pessoal ou tomar decisões impostas pelas circunstâncias. Em muitos casos, os eleitores acusam os governantes e legisladores de serem traidores ou oportunistas, figuras que, uma vez eleitas, se esquecem das suas promessas ou, nalguns casos, o que escreveram. Isso ocorre do ponto de vista político, porque as decisões desses políticos não são tomadas livremente. Muito pelo contrário, o político precisa ter em conta uma série de condicionamentos que tornam impraticáveis certas acções que correspondam a um juízo de valor pessoal. Para entendermos o que é ética de convicção e ética de
responsabilidade, precisamos de alguns esclarecimentos preliminares.
A NOÇÃO DE ÉTICA
A discussão sobre ética remonta a Antiguidade grega. Naquele período, filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles buscavam produzir um conhecimento capaz de fornecer respostas absolutas para todos os tipos de questionamento humano. Na sua obra clássica intitulada Ética a Nocômaco, Aristóteles sistematizou padrões de comportamento ético no relacionamento entre os cidadãos. Para ele, a principal forma de exercitar o comportamento ético era através do diálogo. Nos diálogos, os cidadãos exercem a arte do contraditório, na qual as frases emitidas possuem um padrão de verdade e mentira.
MAX WEBER ESTABELECEU, EM PRINCÍPIOS DO SÉCULO XIX, A DISTINÇÃO ENTRE A ÉTICA DA CONVICÇÃO E ÉTICA DA
RESPONSABILIDADE.
Para Weber, quanto maior o grau de inserção de determinado político na arena política, maior é o afastamento das suas convicções pessoais e adopção de comportamentos orientados pelas circunstâncias. Este afastamento de crenças e suposições pessoais e a adopção de medidas, muitas vezes contraditórias, é determinado pela ética da convicção e pela ética da responsabilidade. A ética da convicção é, para Weber, o