FUNDAMENTOS DO PENSAMENTO ECOLOGICO
ROCHA, Ronaldo Gazal
Se procurássemos traçar a linha cronológica da evolução histórica da Ecologia enquanto ciência, notaríamos que, desde os tempos mais remotos na antiga Grécia, os trabalhos de inúmeros filósofos continham referências a temas ecológicos. Hipócrates (460-377 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), dentre outros, desenvolveram idéias e descreveram princípios ecológicos, muito embora os gregos não possuíssem uma palavra específica para ecologia.
Os antigos gregos, dentre eles Teofrasto (372-288 a.C.), Caius Plinius Secundus, mais conhecido como
Plínio, o Velho (23-79 d.C.) e Hipócrates, já demonstravam em seus estudos preocupação com aspectos ecológicos da Natureza. À parte a importância de Aristóteles para a ciência ocidental, suas ricas observações apontavam um trabalho de tão alta qualidade, que acabaram por torná-lo um precursor ou visionário da área em questão.
Entretanto,
(...) a Natureza aristotélica persegue fins e funciona no quadro da causalidade que não é cega, ao contrário da ciência
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ocidental moderna. Ali onde o estagirita detecta uma intenção sábia, o biólogo moderno pensa acaso e necessidade. Ali onde o transformista darwiniano pensa sobrevivência dos mais aptos, Aristóteles anuncia um projeto de engenheiro: Assim como (...) para os mergulhadores, alguns fabricam aparelhos para respirar e para ficar por muito tempo debaixo d água, aspirando graças ao aparelho de ar da superfície, assim também foi dentro desse princípio que a natureza regulou o tamanho do nariz dos elefantes .(ACOT, 1990, p. 3).
De uma maneira geral, podemos perceber o interesse dos gregos por inúmeros aspectos da
Natureza, mas mesmo seus profundos relatos não são acompanhados pela mesma lógica utilizada como preceitos da Ecologia moderna. Isso se deve ao fato do enfoque eminentemente descritivo em suas anotações desprovidas de uma análise mais rigorosa das interpenetrações entre fatores físico-químicos na sobrevivência dos seres