FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇAO
“Agroneg ócio” no Brasil *
Beatriz Heredia
Moacir Palmeira
Sérgio Pereira Leite
Introdução
A associação entre “modernidade” e “agricultura” no Brasil tem uma longa história. Desde, pelo menos, a segunda metade do século XIX, pensadores e homens de ação opõem propostas de uma “agricultura” ou mesmo de uma “indústria rural” moderna ao que seria uma agricultura “tradicional” ou “práticas tradicionais” das empresas agrícolas. Assim foi com a introdução dos engenhos a vapor e com as usinas de açúcar no Nordeste canavieiro; ou com o uso sistemático de máquinas no arroz e no trigo no sul do país nos anos de 1950. Mas foi, sobretudo a partir dos anos de
1970 – com a política de “modernização da agricultura” promovida pelo regime militar –, que se começou a falar mais explicitamente da existência de uma “agricultura moderna” ou de uma “agricultura capitalista” no Brasil, de “empresas rurais”
(figura contraposta no Estatuto da Terra ao “latifúndio”) e de “empresários rurais”.
Com a importância assumida pelas exportações de produtos agropecuários e agroindustriais e com o envolvimento nesses empreendimentos de capitais das mais diferentes origens, e não só do chamado “capital agrário” (Palmeira e Leite, 1998), a própria resistência dos grandes proprietários de
* O presente trabalho está fundamentado na pesquisa, coordenada por Beatriz Heredia, Leonilde Medeiros,
Moacir Palmeira e Sergio Pereira Leite, intitulada
“Sociedade e Economia do Agronegócio: um estudo exploratório”, que conta para sua realização com o apoio do CNPq, da Faperj e da Fundação Ford.
Participam do estudo pesquisadores, estudantes de doutorado, mestrado e graduação ligados a diferentes universidades. Uma versão preliminar deste texto foi apresentada no 33º. Encontro Anual da Anpocs.
Agradecemos os comentários dos debatedores e participantes da sessão.
160 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 25 N° 74 terras às tentativas de mudança