Fundamentalismo
(Texto publicado na revista 'Caros Amigos' de maio 2005, p. 12-13 ) Na missa celebrada na basílica de São Pedro em Roma, no dia 18 de abril pp., o então cardeal Ratzinger declarou aos colegas cardeais prestes a entrar em conclave para eleger um novo papa: Nós estamos indo em direção à ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que tem como maior valor o ego e os desejos de cada um 1. Alguém poderia dizer, com igual pertinência: A igreja católica está indo em direção a um fundamentalismo que não reconhece nada como relativo e que tem como maior valor a preservação do poder da instituição, acima dos desejos de cada um . Acontece que o católico não se reconhece fundamentalista. As autoridades eclesiásticas afirmam defender a verdadeira doutrina e guiar o povo na direção certa: Nós devemos guiar o rebanho de Cristo (palavras do cardeal na mesma missa). Portanto, não são fundamentalistas. Fundamentalistas são os outros. Neste artigo, não pretendo pegar a lança e investir contra moinhos vaticanos. Quero, tão somente, analisar algumas orientações básicas do longo pontificado que passou, bem como do pontificado que desponta, uma vez que já se pode dizer algo a partir de declarações e posturas do cardeal recentemente eleito. Orientações papais costumam incidir poderosamente no comportamento de pessoas e instituições num país como o Brasil, onde há milhares de paróquias católicas disseminadas por todo o território nacional, além de hospitais, centros sociais e educativos. Palavras provenientes da mais alta autoridade católica influenciam e, por vezes, determinam decisões públicas neste país. A igreja forma nossos filhos e filhas em escolas, colégios, faculdades e universidades católicas. Orienta a moral, influencia a opinião pública. Marca a vida nacional, queiramos ou não. Por conseguinte, avaliar o pontificado de João Paulo II e prognosticar sobre o novo pontificado é importante, não só