Fundamentalismo e modernidade
Revista Caminhando, vol. 8, n. 1 [11], 2003.
159 ganização das sociedades como democracias representativas, no surgimento de estados-nações e em manifestações livres da arte e da cultura em geral. Essa modernidade foi-se construindo, paulatinamente, mediante a emancipação da razão da tutela do poder religioso e as conseqüentes aquisições e disseminações autônomas do saber. Como diria Anthony Giddens,
“em primeira aproximação, (...) ‘modernidade’ refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a partir do século XVII e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua influência.” (Giddens, 1991, 11).
Fundamentalismo e Modernidade
Saulo Baptista1
Resumo
O projeto da modernidade teve apoio do protestantismo, na medida em que este criou condições para a emancipação da razão e estimulou o desenvolvimento da ciência empírica. Não obstante, esse mesmo movimento, transplantado para a América do Norte, assumiu formas antiintelectuais, no processo de formação dos Estados Unidos, criando o fundamentalismo evangélico, como reação declarada à modernidade. Todavia, como a ética fundamentalista se serve dos instrumentos da modernidade, embora exija renúncia à liberdade individual, sendo este um preço pago pelos seus seguidores, em troca de promessas de certeza e segurança, ele é visto, também, como um filho da pós-modernidade. Que implicações esse fenômeno religioso traz para a nossa civilização? – São os tópicos principais deste artigo.
Sua característica mais evidente, para Max Weber, foi a generalização do uso da razão prática. Essa racionalização do conhecimento teve desdobramentos na especialização científica e na aplicação diferenciada de técnicas. A própria organização da vida passou a ser regida por normas e instituições, destinadas ao controle das relações humanas, visando sempre alcançar finalidades bem estabelecidas, onde instrumentos e meios deveriam ser escolhidos segundo critérios de eficiência,