Fronteiras numa área de comércio popular do Rio de Janeiro: SAARA e Camelódromo, fornecedores de camelôs
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III COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE COMÉRCIO E CIDADE: UMARELAÇÃO DE ORIGEM 08 a 10 de setembro de2010
Caterine Reginensi, antropóloga, Professora na Escola de Arquitetura de Toulouse,
Pesquisadora no LRA (Laboratoire de Recherche en Architecture) e no FACI (Núcleo de pesauisa Favela e Cidadania) ESS-/ UFRJ Rio de Janeiro creginensi@gmail.com
Temática 3 Olheres sobre a troca
2010 editora FAU –USP Cdrom ISBN 978-085088126-89-3
Fronteiras numa área de comércio popular do Rio de Janeiro: SAARA e Camelódromo, fornecedores de camelôs
Introdução
A primeira vez que penetrei nesta região do comércio popular do Rio de Janeiro foi em
Agosto de 2000, e não imaginava, pelo menos de forma consciente, que este lugar cruzaria um dos meus campos de investigação. De fato, tudo começou com uma sucessão de pequenos equívocos, sem importância 1: o próprio nome SAARA, que eu escrevia SAHARA em referência ao bazar, ao suq arábe, espaços familiares para mim que nasci e morei os 10 primeiros anos da minha vida na Tunisia. 2. Logo descobri tratar-se de uma sigla, quando um rapaz que distribuía folhetos me entregou um com a propaganda de uma loja no SAARA“A
Sociedade dos Amigos e das Adjacências da Rua da Alfândega, SAARA”. Pensei. “O
SAARA é só uma associação de comerciantes locais! Mas imediatamente a idéia do bazar voltou a aparecer porque vi, durante as 3 horas em que “viajei” nesta região, lojas chamadas
Bazar da Amizade, Bazar das Flores.. 3.
Uma amiga que me acompanhava durante as primeiras horas no SAARA me deu algumas dicas vendo a minha perplexidade: o SAARA é uma área de comércio popular muito antiga.
Por ser perto do porto, este local serviu de abrigo a imigrantes sírios, libaneses, judeus, gregos, espanhóis, portugueses que chegaram ao Brasil no final do século XIX e início do século XX. Vários deles começaram a trabalhar como mascates, vendedores ambulantes nas
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Utilizo o título do livro do escritor italiano, Antonio Tabucchi que a cada história