FRICA
A presença europeia na costa atlântica e o comércio de escravos
Nessa área, o título do líder era "monomotapa", que dominava muitos reinos. A ação dos portugueses provocou um desequilíbrio nas forças internas, levando o reino dos Mocarangas a expulsar os Tongas do interior para o litoral, onde eram presas fáceis para os europeus.
Em 1572, desembarcou, na Zambézia, a expedição de Francisco Barreto, com o intuito de dominar as minas de ouro e prata que se julgavam estar sob o controle do monomotapa. A expedição penetrou na região e perdeu muitos integrantes. Provocou grande destruição, queimando inclusive as capitais de Teve e Manica.
Como o ouro era pouco para ambição portuguesa, ali se estabeleceu um sistema diferente. Os portugueses construíram pequenos feudos, chamados "prazos". Sobre eles, sabemos que a herança era passada para a filha do dono, o "prazeiro", e não para seu filho homem. E que a herdeira era obrigada a casar com um português, de maneira a assegurar a presença de homens portugueses no comando das terras.
No fim do século XVII, a população de Chamgamira, em Butua, começou a opor resistência ao domínio português. Mais tarde, no século XVIII, a intensificação do comércio e a presença dos "prazeiros" provocaram a insurgência de chefias locais contra a liderança do monomonapa, e em seguida o enfraquecimento do poder africano em geral. Assim, se estabeleceu uma situação de desordem. Tanto os antigos líderes locais como os portugueses perderam poder de influência.
Foi nessa situação que chegaram, à região, dois novos exploradores: os holandeses (boers), agricultores que estabeleceram grandes fazendas e absorveram parte da cultura local, passando, inclusive, a falar um misto do idioma holandês com linguagens locais, chamado africâner; e os ingleses, financiados pelo empresário Cecil Rhodes, que assumiram o tráfico de escravos.
Os aliados locais dos britânicos eram os Ngunis, que dominaram os povos das regiões de Tongas e Carangas depois de muita