freud
METAPSICOLOGIA FREUDIANA
EUDES DUARTE FILHO1
FRANCISCA LÍVIA LIMA VIDAL2
Resumo: Com a des-coberta do inconsciente e a invenção da Psicanálise, Freud subverte o cogito cartesiano, descentrando a razão dominante e colocando o homem num lugar aquém ao do saber absoluto e completo sobre si mesmo. Dessa foma, nasce uma nova e radical empreitada: a Outra Cena freudiana, possuidora de lógica própria e do desejo que a anima. A partir disso, o presente artigo objetiva estabelecer algumas considerações sobre as conseqüências e os desdobramentos da sistematização do conceito de inconsciente para a Psicanálise. Para tanto, foi necessário realizar um retorno aos textos sobre o inconsciente,a pulsão e o recalque,tendo em vista a riqueza epistemológica encontrada nesses escritos.
Desde sua pré-história, a Psicanálise foi alvo das mais diversas formas de interpretação, chegando a ser confundida com práticas terapêuticas outras. Não obstante, Freud sempre se preocupou com seu ensino e sua transmissão para além dos campos do saber médico e biologizante, quase como numa atitude profética. Entretanto, após sua morte, o que assistiu-se foi a uma constante deturpação de seus conceitos fundamentais. Atualmente, falam do Pai da Psicanálise como aquele que detém a verdade sobre nosso desejo, através do célebre jargão “Freud explica”. Todavia, a afirmativa vai de encontro ao que a própria
Psicanálise e o próprio Freud tanto implicaram. Há, portanto, no lugar da verdade absoluta, a –lógica do desejo inconsciente, sua dinâmica conflitante e sua exigência fantasmática subjetiva.
O nascimento da Psicanálise, a partir da sistematização freudiana da Outra Cena e da publicação de A Interpretação dos Sonhos, demarca, indelevelmente, o século XX.
Até então considerado apenas numa perspectiva filosófica, o conceito de inconsciente
A transmutação dessa referência para a elaboração de um saber dotado de leis próprias traz à tona outro