Freud & Jung
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RESUMO
Pretende-se examinar o papel da analogia no pensamento freudiano, através de um período fértil e tumultuado do movimento psicanalítico, marcado pela intensificação das divergências entre Freud e seu dileto (Jung), e também pelo crescimento do movimento da psicanálise aplicada entre Freud e seus discípulos e pelo trabalho analítico daquele que é, talvez, o mais importante caso clínico escrito por Freud: o caso do Homem dos Lobos. Este período marca um imenso campo de debates clínicos e teóricos, entre os quais se inclui, sem dúvida, o problema da analogia na teoria e na clínica psicanalíticas.
Palavras-chave: psicanálise aplicada, analogia, teoria freudiana.
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________________________________________ Este artigo deriva da permanente preocupação de Freud em resolver, aprofundar e esclarecer dissensões por meio de seus textos; o que nos permite reencontrar, nos rastros da divergência mais pessoal, revisões da teoria e do método psicanalíticos que resultam, invariavelmente, em reformulações fundamentais. Como é fartamente sabido, vários textos importantes de Freud têm, como um de seus propósitos, resolver divergências e mal-entendidos dentro e fora do movimento psicanalítico, onde a relação com C.G. Jung ocupa um espaço à parte. A tensão permanente que sempre acompanhou a relação de ambos fez deles pai e filho, como também inimigos atrozes, bem ao sabor de Totem e tabu que neste período era gestado por Freud.1 Foi Jung, justamente, aquele que engrossou as fileiras dos inimigos da psicanálise, colocando em xeque o principal pressuposto da teoria freudiana de onde tudo mais deriva: a sexualidade.
Seja como adversário, discípulo ou rival, o fato é que Jung sempre representou para a psicanálise fonte de valorosas inquietações, e além disso impunha, como inimigo que gradualmente se tornava, o retorno