Frei luis de sousa

FREI LUÍS DE SOUSA - de Almeida Garrett

1. Classificação de Frei Luís de Sousa: drama ou tragédia? Segundo o autor, na Memória ao Conservatório Real, pelo conteúdo, assunto e índole, a peça contém, na realidade, as principais características da tragédia: acção simples; número reduzido de personagens e maioritariamente nobres; progressão dramática até ao momento do Clímax, coincidente, por exemplo, com o momento do reconhecimento (cena 14 do II Acto - «Minha filha (...) Estou... estás... perdidas, desonradas... infames!»); contém múltiplos os elementos da tragédia, a saber: O fatalismo (com os seus presságios) é uma presença constante, já que o destino acompanha todos os momentos da vida das personagens, apresentando-se como uma força que as arrasta de forma cega para a desgraça. É ele que não deixa que a felicidade daquela família possa durar muito.(I.1) Hybris ou desafio - D. Madalena não comete um crime propriamente na acção. Mas sabemos que ele existiu na confissão a Frei Jorge de que ainda em vida de D. João amou Manuel de Sousa (adultério de coração, porque o crime estava na sua mente). Desafiou assim a ordem existente que seria guardar fidelidade ao marido. Também Manuel de Sousa cometeu a hybris ao incendiar o palácio para não receber os governadores, o que é crime contra as autoridades políticas
Agon - o conflito parte da hybris de D. Madalena, desenvolvendo-se com a mudança de cenário - o incêndio no palácio de Manuel e mudança para o palácio de D. João. Esta é também uma Peripécia ou súbita alteração dos acontecimentos que modifica a acção e conduz ao desfecho. O conflito adensa-se depois com o regresso (Peripécia) e reconhecimento do primeiro marido julgado morto, na figura do Romeiro.
Esta Anagnórise, ou reconhecimento irá verificar-se em diferentes momentos pelas personagens: Manuel (III, 1 e 11); Telmo (III, 4 e 5); Madalena (II, 14 e III, 12); Maria (III, 12). O conflito vai-se intensificando progressivamente, contando