Franz Kafka - O Processo
Por
Trabalho apresentado ao
Professor pela disciplina.
UFRJ/1º semestre de 2010
INTRODUÇÃO
A afirmação de que o romance “O Processo”, de Franz Kafka, assim como outras obras do autor, seria realista, pode causar, à primeira vista, um espanto em quem se depara com ela. De fato, não podemos entender essa afirmação tomando como base a concepção tradicional de realismo. Não se pode entender o adjetivo “realista” da mesma forma como ele é empregado para caracterizar, por exemplo, Tolstói.
Desde Homero, vinha sendo empreendido um esforço para representar “a realidade como ela é”, esforço que se aprimorou durante séculos de literatura, e que culminou com os grandes realistas do século XIX, como Gustave Flaubert. Contudo, este, com sua escrita minuciosa e exata, além de ser considerado o ápice do realismo tradicional, seria também o início do seu esgotamento. Modesto Carone afirma que: “O século XX já era um outro mundo, e os moldes de um Balzac ou de um Tolstói, por exemplo, não podia dar conta dele, sob pena de um acomodado anacronismo estético-histórico.” Kafka cria então, de acordo com as necessidades de um novo século, um método novo de narrar.
Naturalmente, aqueles que entendiam o realismo apenas dessa forma rejeitaram veementemente essa caracterização. Um dos principais expoentes dessa opinião foi o marxista Giörgy Lukács, que em 1955, além de afirmar o caráter não-realista de Kafka, por esse mesmo motivo afirmou não haver interesse em seus romances para uma cultura de esquerda. Segundo ele, esse não-realismo de Kafka seria resultado de uma visão de mundo subjetivista determinada pelo “nada”. Michael Löwy rejeita a afirmação de Lukács, salientando a sua cegueira e afirmando que exatamente os aspectos que o filósofo afirmou dizerem respeito ao nada, estariam na verdade relacionados à estrutura da reificação e à impessoalidade da máquina burocrática alienada. Löwy qualifica