Franklin cassaro
Diferentemente de Lygia Clark, a motivação não é terapêutica, não parte de uma tensão diante dos mecanismos de recalque do corpo-expressivo, mas de uma vontade de disseminar uma informalidade existencial que nasce do exercício experimental. O interior da “casa-corpo” de Lygia Clark não oferece abrigo, mas resistência. Os “infláveis” de Cassaro acolhem o espectador no seu interior desabitado e vazio.
Nos seus desenhos atuais, a respiração dá o ritmo do movimento e as mordidas produzem o rastro gráfico no papel. A tinta é colocada antes das mordidas e ela vai se espalhando e criando suas formas bioconcretas. A impressão destes desenhos é quase arqueológica, como se fossem fósseis de borboletas ou peixes pré-históricos. O desenho, assim como suas esculturas revirando latas e metais, nasce do seu gesto que combina precisão e urgência.
Os infláveis erguem-se como se fossem abrigos momentâneos. Sua estrutura é de vento, criando formas transitórias e passageiras, como a própria vida. Esta mesma leveza evidencia-se nos cubos flutuantes, um dos momentos mais líricos do seu bioconcretismo. A simplicidade a serviço da