Francisco Buarque de Hollanda
Começo dos anos 60, o Brasil vivia um momento de grande perturbação cultural. O povo acordava para a literatura, o cinema, o teatro, as novidades trazidas pela televisão, a criação dos centros acadêmicos que disseminavam a politização dos estudantes, o engajamento nas lutas contra as desigualdades sociais e as formas de governo. Em 1966, A ditadura militar já mostrava suas garras e dentes afiados e o público usava a música para protestar. Chico e Geraldo Vandré com suas músicas "A Banda" e "Pra não dizer que não falei de flores".
Em 1968, "Sabiá", uma das obras de Chico, antes vista como leve demais para aqueles anos, passou a ser considerada “Pesada”. Com o decretação do Ato Institucional Nº 5, o AI-5, criou instrumentos de controle e repressão. Quem ousava se opor diretamente ao regime era perseguido, preso, torturado ou exilado. Assim, Chico Buarque foi levado para o Ministério do Exército para dar declarações sobre a sua participação na "Passeata dos Cem Mil", ato de protesto contra a ditadura, realizado no Rio de Janeiro por iniciativa do movimento estudantil e sobre o "subversivo" espetáculo "Roda Viva". Pressionado pela polícia, foi para a Itália, em exílio voluntário, onde permaneceu por dois anos.
Em 1978, os primeiros sinais de abertura política no país começaram a surgir. Com o fim da censura e a volta dos exilados políticos, Chico Buarque lançou um disco com suas músicas que haviam sido censuradas, como por exemplo, "Tanto Mar", "Apesar de Você" e "Cálice". E também com inéditas como "Feijoada Completa", que faz uma homenagem bem brasileira àqueles que voltavam do exílio. Como compositor e letrista de