FRANCIS BACON DA MAGIA À CIÊNCIA: Prefácio à terceira edição
[ROSSI, Paolo. FRANCIS BACON DA MAGIA À CIÊNCIA. Londrina, Ed. UFPR. 2006.]
Rossi dedica o prefácio à terceira edição à maneira como Bacon foi entendido no último século, fazendo um apanhado geral dos intelectuais que estudaram Bacon, criticando-o ou apoiando-o, e das publicações a esse respeito.
Inicialmente, Rossi nos introduz à sua trajetória profissional e à publicação de seu livro, objeto de atenção de George Boas, que em seu artigo “Recent Books in the
History of Philosophy” ressaltava que Rossi se preocupava em mostrar como a filosofia de Bacon se desenvolveu a partir da tradição cultural de sua época e na oposição entre a imagem que se construiu de Bacon tendo a magia como saber secreto e a imagem que, segundo o autor, foi de fato construída por Bacon, de uma ciência que fosse conhecimento e intervenção sobre o mundo, nascida da colaboração e acessível a todos. Para Frances Yates, em sua resenha a respeito do livro de Rossi para a New York
Review of Books, em 1968, destacam-se a análise do uso baconiano dos grandes mitos clássicos e o espaço dado à Arte da Memória e sua influência na construção da teoria do método. Para ela, Bacon não havia sido compreendido, já que os historiadores da ciência e da filosofia o consideravam apenas um precursor do futuro, não se atentando para suas raízes no passado. Rossi, ao contrário, busca nessas raízes e mostra que tanto a máxima do “Saber é Poder” quanto a ciência como dominadora da natureza tinham origem no mago da Renascença. Ela destaca ainda que Rossi via em sua imagem baconiana a natureza cooperativa do empenho científico, sua contrariedade às formas de saber secreto e de ‘iluminação’ e sua defesa a favor da razão humilde.
A respeito de Il Mondo Magico, de De Martino e de suas posições acerca da magia e da religião, Rossi destaca a tese:
“A verdade é que o ocidente orientou suas escolhas segundo os poderes da conscientização, da persuasão, do
prestígio