Fradique mendes: realidade na ficção e romantismo na prosa realista
FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Fradique Mendes: realidade na ficção e romantismo na prosa realista
Natália Macedo de Menezes
Trabalho apresentado ao professor Rafael Santana, pela disciplina de Literatura Portuguesa II
São Gonçalo
2009
Fradique Mendes: realidade na ficção e romantismo na prosa realista
As obras de ficção, embora pareçam conter certo teor de realismo, seja pela descrição de fatos verídicos, seja pela citação de nomes, de figuras reais, costumam ser lidas como sendo apenas ficção. No entanto, há obras ficcionais que, contendo não apenas fragmentos da realidade, mas a realidade como um todo, não deixam dúvidas quanto à sua veracidade. Este é o caso de “A Correspondência de Fradique Mendes”, de Eça de Queirós. Mais do que uma obra ficcional, é a narração biográfica de um poeta do século XIX que sequer existiu, mas que teve seus escritos publicados nos jornais da época e que, além disso, correspondeu-se com figuras fictícias e outras renomadas da literatura daquele tempo. Tal procedimento foi possível por tratar-se, o nome Fradique Mendes, de um heterônimo de Eça de Queirós[1] que circulou pela sociedade portuguesa daquele século. Carlos Fradique Mendes foi o notável autor das LAPIDÁRIAS[2], trazendo “motivos emocionais fora das limitadas palpitações do coração”[3], e temas da Modernidade, “a notação fina e sóbria das graças e dos horrores da Vida, da vida ambiente e costumada”. Suas ideias encantavam aqueles dos quais se aproximava, e mais ainda a sua “Forma (...) soberba de plasticidade e de vida, [que lembrava] o verso marmóreo de Leconte de Lisle, com um sangue mais quente nas veias de mármore, e a nervosidade intensa de Baudelaire, vibrando com mais norma e cadência”. Eça de Queirós, em “A Correspondência de Fradique Mendes”, narra algumas passagens da vida deste “poeta novo”, pelas mãos de um narrador que estabeleceu