Fox Terrier 2
FOX TERRIER QUE SE IMISCUIU
NINGUÉM SABE COMO
Q uando o f o x terrier Asta desenterrou o corpo do Homem M a gro, seu dono, o adoravelmente bêbado detetive Nick Charles, excla mou: “ Você não é um terrier, você é um cão policial” {The thin man, o filme original da m g m de 1934 com William Powell e Myrna Loy).
G ostaria agora de fazer um a generalização em cima da raça de Asta num caso muito revelador envolvendo livros didáticos.
O saber da nossa cultura está repleto de motes instruindo-nos a re conhecer as falhas em nós mesmos antes de criticarmos as deficiências alheias. Esses lemas variam desde clichês sobre panelas e chaleiras* até alguns dizeres de Jesus: “ Por que olhas o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu ?” (Lucas 6:41); “ Quem dentre vós que não tiver pecado seja o primeiro a lhe atirar uma pedra” (João
8:7). Seguirei essa sabedoria expondo a m inha própria profissão ao ten tar expressar o que eu vejo de tão desesperadamente errado com a fer ram enta básica do ensino americano, o livro didático.
Em março de 1987, passei várias horas no salão de exposições da convenção da N ational Science Teachers Association [Associação N a cional dos Professores de Ciência] em W ashington, D .C ., onde fiz uma pesquisa inform al, mas razoavelmente completa, de como a evolução é tratada (ou não) pelos principais livros didáticos de ciência para o se gundo grau. Encontrei alguns sinais de adulteração, melindre excessi vo e outras form as de capitulação diante da pressão dos criacionistas.
Um dos livros, L ife Science, de L. K. Bierer, K. F. Liem e E. P. Silberstein (H eath, 1987), num a acom odação que pelo menos nos faz rir en quanto choramos a perda de integridade na educação, qualifica cada
(*) The p o t calling the kettle black [a panela dizendo que a chaleira está suja] é um ditado equivalente ao nosso “ rir-se o roto do esfarrapado” . (N. T.)
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afirm ação sobre as idades dos fósseis — geralmente na mais