Formação do eu
O sociólogo John B. Thompson dedicou um capítulo do livro Mídia e modernidade para desenvolver suas ideias sobre a formação do self em meio à globalização. “O Eu e a Experiência num Mundo Mediado” mostra a visão do autor de que, nas sociedades modernas, a formação do eu é mais reflexiva e depende do próprio indivíduo e, ao mesmo tempo, é influenciada e alimentada pelos materiais simbólicos mediados. Na modernidade de Thompson, o desenvolvimento da mídia é contraditório. Cria novas possibilidades de relações íntimas, como a relação expandida no tempo e no espaço dos fãs com seus ídolos, e também retira certos fenômenos sociais do cotidiano das pessoas. É o caso de não termos contato real com pessoas baleadas ou que sofrem de problemas mentais, enquanto estamos habituados a ver cenas desse tipo na televisão, principalmente em telejornais com notícias internacionais. É o que o autor chama de mediação da experiência. Esse momento é caracterizado como o problema do deslocamento simbólico: “num mundo onde a capacidade de experimentar não está mais ligada à atividade do encontro, como podem relacionar experiências mediadas aos contextos práticos da vida cotidiana?” (página 182).
Criticando a visão estruturalista do self como um produto de sistemas simbólicos que o precedem, o conceito defendido por Thompson é que o self não é um produto fechado, mas um projeto simbólico que o indivíduo constrói ativamente. A frase destacada em sala caracteriza o caráter ativo e criativo do self: “Somos todos biógrafos não oficiais de nós mesmos, pois é somente construindo uma história, por mais vagamente que a façamos, que seremos capazes de dar sentido ao que somos e ao futuro que queremos” (página 184). O papel dos meios de comunicação na constante formação do self é que as interações entre as pessoas deixou de ser apenas face a face para interações mediadas. Assim, os indivíduos têm acesso a novas formas de conhecimento. O lado positivo disso é que