Formação de professores
INTRODUÇÃO
A instituição educacional brasileira, notadamente no que se refere à escola pública, enfrenta uma séria crise de qualidade. De maneira geral, os debates e as discussões que essa crise tem suscitado, nos vários setores da sociedade civil, destacam a relação entre a má-qualidade de ensino e o despreparo dos professores na condução de projetos pedagógicos que formem cidadãos capacitados a atuarem, de maneira efetiva, nos rumos da história de sua comunidade e de seu povo. Ao contrário de reforçar qualquer discurso que, ao estabelecer uma correlação direta entre crise educacional e formação dos professores, omite o dever do Estado de propiciar aos profissionais da educação condições dignas de trabalho e acaba por responsabilizá-los pelos fracassos da escola, pretendo, neste trabalho de pesquisa, enfatizar a importância do professor na construção de novas formas do fazer pedagógico que apontem para a edificação de uma sociedade mais justa e igualitária, assumindo-o como protagonista desse processo. Nessa perspectiva, coloco-me no campo da formação do professor reflexivo, entendendo que as ações do professor não são meros resultados de suas escolhas individuais face às demandas da sala de aula. Romper com o discurso que reforça a ‘culpa’ do professor com relação às mazelas da educação formal significa situar suas ações nos contextos social e cultural que as influenciaram. Para isso, é necessário relacionar o trabalho pedagógico que se empreende no aqui e no agora da sala de aula a um projeto mais amplo de sociedade. Nesse sentido, podemos falar em hegemonia do paradigma da modernidade. Interessada em estabelecer uma organização racional da vida social, a modernidade definiu para a instituição escolar a tarefa de disciplinar o indivíduo, fazendo-o aceitar os ditames da racionalidade científica. A identidade do professor insere-se nesse projeto. Com a crença absoluta na ciência, a modernidade fixou, no campo da educação, alguns mitos que definem a