FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA: UM DEBATE
UM DEBATE
Wallace dos Santos de Moraes1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo debater a formação da sociedade brasileira com três autores – Manoel Bomfim, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior2 –, que pouco compartilham. Isto é, a metodologia, as hipóteses, os recursos teóricos, a mobilização das fontes, o tempo em que escrevem e, sobretudo, teses e conclusões são diferentes. Os aspectos em comum, ainda assim com ressalvas, são a concordância com Capistrano de Abreu e a discordância com Varnhagen, além, é claro, da discussão sobre o Brasil. Nesse sentido, buscaremos propiciar um debate calcado na diferença que nos permita ampliar nossas possibilidades reflexivas, pensando e repensando a formação da sociedade brasileira com estes três clássicos do pensamento social.
A metodologia empregada para o desenvolvimento da questão será abordar as principais teses, hipóteses e metodologias dos autores, tendo como foco central o debate sobre a formação da sociedade brasileira, em especial o papel do indígena, do negro e do branco português nesta empreitada.3 Tudo isso, tendo como ponto nevrálgico a herança cultural das três raças e a construção da singularidade do povo brasileiro.
A dificuldade que temos em colocar para dialogar autores que não estão pensando um no outro, nos fez optar por fazer o debate acontecer, expondo o pensamento de cada um separadamente através da organização do trabalho em tipologias, ao invés de uma tradicional discussão bibliográfica em tópicos. Sendo assim, entendemos que a melhor forma para o desenvolvimento da questão é abordarmos nas tipologias a metodologia de cada autor, o que pensam sobre Portugal e os portugueses, ou seja, aqueles que detêm a direção da formação da sociedade brasileira, e o significado do indígena e dos negros. Cabe salientar, ainda, que optaremos por não fazer uma conclusão convencional do pensamento de cada autor, deixando para fazê-la na parte a que se destina ao