“Formar o mundo à sua imagem e semelhança”. Seminário sobre a nova ordem mundial
Seminário sobre a nova ordem mundial1
“A necessidade de expansão constante do mercado impele a burguesia a estender-se por todo o globo. Necessita estabelecer-se em toda a parte, explorar em toda parte, criar vínculos em toda parte. A burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao consumo, em todos os países, por meio da exploração do mercado mundial. E para desespero dos reacionários, ela retirou da indústria sua base nacional. As velhas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a sê-lo dia-a-dia. Em seu lugar surgem novas indústrias, como necessidade imperativa para a sobrevivência das nações civilizadas, cujas matérias-primas já não são mais as próprias dos referidos países, mas, provêm das mais longínquas regiões (...) É um fenômeno que abarca a produção tanto material quanto intelectual (...) Graças ao vertiginoso desenvolvimento dos meios de comunicação, a burguesia consegue atrair irreversivelmente todas as nações, mesmo as mais atrasadas, para seu modelo de civilização (...) Em suma, visa formar o mundo à sua imagem e semelhança” (Marx e Engels, 1984, p.22).
Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista de 1848 analisavam um componente estrutural do capitalismo: a formação de um mercado mundial. Neste processo de acumulação do capital, o deslocamento intra e inter países e regiões, caracteriza-se como uma estratégia burguesa para enfrentar as crises constitutivas do capital e as flutuações da taxa de lucros oriundas dessas crises. O Manifesto do Partido Comunista já apontava para um princípio central da lógica de expansão do capitalismo: a internacionalização como um fundamento básico desse sistema.
Apesar das especificidades nas obras dos vários autores da tradição marxista (Lenin, Rosa Luxemurgo, Trotsky) sobre o conceito de imperialismo, existem dois aspectos centrais que configuram uma unidade teórico-política: a) a internacionalização como fundamento do capitalismo, na medida