formacao do mundo
O Mundo Árabe tem sofrido com ataques e dominação estrangeira há muitos séculos, desde o Império Turco Otomano, passando pelo imperialismo franco-britânico e finalmente sendo submetido pelos interesses econômicos norte-americanos.
“Nós nos rebelamos contra os ingleses; e contra os franceses...
Nós nos rebelamos contra os que colonizaram nossas terras e tentaram nos escravizar. Nós repelimos a revolução vermelha muitas vezes, e continuamos nossas revoluções brancas por muitos anos e para isso suportamos muito sofrimento, aguentamos muitas perdas, sacrificamos tantas vidas, mas: Quando finalmente conquistamos nossa liberdade, começamos a santificar as fronteiras que eles instituíram depois de dividir nossas terras e nos esquecemos de que essas fronteiras eram as do "confinamento solitário" e as da "prisão domiciliar" que eles nos impuseram! ”
Sati‘ al-Husri
No poema acima fica explicita a característica essencial dessa região do planeta, na qual as imposições de potências econômicas e militares determinaram sua configuração geopolítica sem levar em consideração as tradições milenares dos povos que nela habitam, sendo essa uma das razões de muitos dos conflitos que a assolam até hoje.
A Primavera Árabe, iniciada na Tunísia, é um movimento de populações oprimidas por governos que ao longo de décadas atenderam aos interesses imperialistas e mantiveram um silencio forçado a custa de muita opressão política e da formação de verdadeiros estados policialescos. Estados que nunca abriram espaço para manifestações de descontentamentos sociais e menos ainda canais reais de participação política para seus cidadãos. Ao atear fogo ao próprio corpo, simbolicamente, o jovem tunisiano Mohamed Bouazizi não protestou apenas contra a apreensão de suas mercadorias ou da falta de perspectivas de vida, que atinge a maioria dos jovens do mundo árabe, mas demonstrou ao mundo que aquela medida extrema era um grito de desespero frente a uma realidade muito mais ampla,