Fome
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durante muito tempo usei esta frase como resposta a várias situações, mas ontem me flagrei pensando se ela é realmente absoluta.
se há alguma dúvida dentre os que me lêem, esclareço o óbvio: eu sou louca. e esta loucura se apodera de mim sempre diante do novo, de forma que, quando eu leio algo que gosto, por exemplo, só largo quando termino.
o meu questionamento é justamente sobre esta sanha: acabo fazendo tudo rápido demais, chego ao final e dá uma sensação de alívio misturada a um vazio estranho, onde procuro algo novo para me ater.
este processo, durante muito tempo ininterrupto, se confronta quando, numa curva, eu reencontro uma paixão antiga: livros, filmes, lugares, pessoas... a lembrança que guardo geralmente é quebrada quando a analiso, agora sem a necessidade de mergulhar o mais fundo que uma respiração só me permita.
muitas vezes eu vejo que foi muito bom pelo simples fato de eu fazê-la assim, porque, naquele momento, era o que eu precisava, mas agora não diz quase nada. às vezes evito alguns confrontos, por receio - inconsciente ou não - de macular a lembrança.
mas há coisas que acontecem quando não estamos preparados pra elas. não sabemos como reagir, como ler seus sinais. e são estas que sobrevivem à fome das outras, são estas que valem a pena! elas sempre existem, e estão esperando que nós finalmente as enxerguemos.
é como ouvir uma música que você conhece há anos e, de repente, ver que ela conversa com você; rever um filme 10 anos depois e descobrir que ele é ainda melhor do que a sua lembrança (detalhe: quem mudou foi você, e não o filme).
admito: tem coisas que precisam se manter no passado. elas, no presente, não funcionariam.
em compensação, sempre se pode se surpreender com algo se acha que conhece. e o melhor: passada a loucura da fome, percebe-se o