Florestan Fernandes - A revolução burguesa no Brasil
Bruno Rossi Lorenzi1
Em “A Revolução Burguesa no Brasil”, Florestan Fernandes descreve a formação da situação de mercado (típica do capitalismo moderno) no Brasil, através de uma análise ao mesmo tempo econômica, política, social e cultural da expansão cafeeira no séc. XIX. Em sua análise, Florestan foca a formação de um mercado capitalista interno, a formação das relações de classes e a persistência das relações patriarcais nas relações de trabalho e com o Estado, mesmo depois da formação de um novo setor dinâmico. Antes da independência política em relação à Metrópole, a economia brasileira era uma típica economia colonial primário-exportadora. Não produzia para o mercado interno, importava tudo o que necessitava e dependia da Metrópole para tomar qualquer decisão quanto ao excedente econômico gerado. Com a independência, houve uma internalização das fases de comercialização antes engendrados pela Metrópole e uma autonomização do governo para aplicar o excedente econômico, que agora podiam ser aplicados a novos bens de consumo dos estamentos senhoriais. Com isso houve um aumento da produção agrícola, artesanal e manufatureira destinadas ao mercado interno e a possibilidade de usar o excedente econômico para dinamizar e diferenciar o setor econômico.
Porém, isso não eliminou nossa dependência externa econômica nem a necessidade de exportação e importação, devido ao novo mercado interno ainda ser muito restrito e fraco, tanto econômica quanto politicamente. Isso gerou uma dualidade na estrutura econômica e social do Brasil, com um setor dinâmico e caracteristicamente moderno (ligado à produção e exportação do café) e outro, referente a grande maioria do restante da sociedade, ainda arcaico e pré-capitalista. Essa dualidade estrutural significaria uma dependência externa, devido ao setor dinâmico, ligado à exportação, ser refém das alterações e decisões do mercado mundial. Esse modelo de