face da reestruturação produtiva do capitalismo global. Mudanças na economia e nas relações internacionais, os avanços científicos e tecnológicos e o desenvolvimento de diferentes relações de produção impuseram nova ordem de organização econômica e política, com reflexos em vários aspectos da vida social. Na área da saúde, verificam-se proposições e o desenvolvimento de alternativas para adequação do setor a essa ordem estabelecida. As premissas e os valores do projeto neoliberal fundamentam-se nos pressupostos da desresponsabilização do Estado quanto à garantia de direitos sociais, com diminuição do gasto social e focalização da assistência. Com isso, promove-se a separação entre a medicina comercial, envolvendo alta tecnologia e praticada por quem logra inserirse no projeto modernizador, e um pacote de serviços e ações essenciais para grupos marginalizados e excluídos do processo de mudança da sociedade (Laurell, 1997). O sistema de saúde brasileiro, não obstante as conquistas do movimento da reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), tem sido palco de disputa para dois projetos que se enfrentam e convivem contraditoriamente. De um lado, encontra-se o projeto da reforma sanitária fundamentado nos valores da solidariedade e em princípios de universalidade, integralidade e equidade; do outro, o projeto neoliberal, que defende a segmentação e a privatização como alternativas de organização do setor e que atribui aos próprios usuários a responsabilidade pelos serviços de saúde. Como política compensatória, o Estado só ofereceria, por meio de pacotes mínimos de serviços, assistência simplificada para pobres e indigentes (Mendes, 2001). A forma de organização dos serviços de saúde, aliada aos valores sociais vigentes e ao modelo econômico e político, influencia diretamente a formação e o perfil dos profissionais da área. Toda formação profissional mantém estreita relação com o mundo laboral. As necessidades, demandas e exigências do mercado de