Fisica
FILME
“Qual a natureza de um governo que não tem medo de não ter de prestar contas?”, pergunta o advogado vivido por Alan Alda num dos momentos mais fortes de “Faces da Verdade”, filme chega diretamente em DVD pela Swen. A indagação resume muito bem as intenções deste thriller político que se apropria de fatos reais para questionar o abuso de poder do governo norte-americano, escusado sempre pela defesa da “segurança nacional”.
É bom que se diga que o filme foi lançado há dois anos, quando George W. Bush estava na Casa Branca e pairava sobre ele várias acusações sobre provas forjadas para, por exemplo, realizar a invasão no Iraque. Um documento governamental afirmou que o país de Saddam Hussein escondia “armas de destruição em massa”, nunca descobertas. “Faces da Verdade” abre com uma situação semelhante, após o presidente ser alvo de um atentado e culparem a Venezuela (não por acaso, um dos inimigos declarados dos Estados Unidos), logo promovendo um revide. A jornalista Rachel Armstrong (Kate Beckinsale, de “Terror na Antártida”) provará o contrário, apropriando-se de um relatório de agente do FBI (a sempre ótima Vera Farmiga) que teria isentado o país sul-americano. Repórter experiente e “faminta” por histórias de grande repercussão, Rachel acaba revelando a identidade da agente. Os louros colhidos pelo furo jornalístico, que, em outros tempos, tomariam a proporção de um Watergate, são menores do que a dor de cabeça provocada pela implacável perseguição do governo, comandada pelo juiz especial interpretado por Matt Dillon. O filme desconstrói a figura romântica do jornalista, mostrando uma nova realidade, em que “a imprensa deixou de ser o cavaleiro branco para ser o dragão que todos odeiam”.
O chamado quarto poder desaparece em meio às articulações de um governo de feições totalitárias para obrigar Rachel a revelar a sua fonte. Ela perde quase tudo - da família à liberdade, ao ser presa - em função de seus princípios