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José Flávio Sombra Saraiva
Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília UnB, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais – IBRI e bolsista de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq
Eis uma criativa reflexão nacional, essencial às comemorações que se aproximam do centenário da disciplina dedicada ao estudo das relações internacionais. O livro de Amado Luiz Cervo inova ao sistematizar conhecimento brasileiro essencial à formação de conceitos em relações internacionais.
O argumento central do autor é que o Brasil, ao lado de uma dezena de países, propõe conceitos próprios a essa área do conhecimento, tanto quanto próprias são as concepções dos demais centros de produção científica para o estudo das relações internacionais em outras regiões do mundo. A espinha dorsal do livro situa-se no diálogo do pensamento brasileiro com os conhecimentos disponíveis na conformação epistemológica da disciplina. Situa Cervo o Brasil como uma nação de experiência singular ao fazer "de si idéia própria do papel a desempenhar no mundo". Utilíssimo à grande área voltada para o estudo dos vínculos entre sociedades nacionais e o meio internacional, o autor se inspira no ambiente acadêmico brasileiro e latino-americano, e também na história acumulada pela prática diplomática brasileira bem como pela trajetória do Estado nacional.
Para Cervo, um feixe de conceitos articulados a um objeto fornece base para uma teoria. Daí o livro ser, de fato, uma obra com ambição teórica. Em um país que, nos anos 1990, tanto se acostumou a copiar teorias alheias e aplicá-las, de forma pouco crítica, à experiência internacional do Brasil, a contribuição do grande scholar brasileiro é um marco na sistematização para fins aplicativos do pensamento brasileiro de relações internacionais. O título já indica o rumo da obra ao