FINAL Trabte Rico DorMental Toxicodependencia

INSTITUTO SUPERIOR MIGUEL TORGA
Mestrado em Psicologia Clínica
Ramo de Psicoterapia Psicodinâmica

Toxicodependência e Dor Mental
-Trabalho teórico-

Fátima Amaral

Prof. Doutor Henrique Vicente

Coimbra
2014

Fleming (2005) considera que é a dor mental, ou o sofrimento psíquico, que leva o sujeito a realizar o pedido de ajuda, embora nem sempre este tenha plena consciência disso. É, em torno desta dor mental, que se gera o sistema defensivo que está por detrás da organização psicopatológica do sujeito, quer seja na forma de toxicodependência ou de um outro quadro clínico.
Na origem deste pedido de ajuda estão os sentimentos de um profundo malestar, onde decorre o sofrimento psíquico, que tanto pode aparecer de uma forma mais explícita e comunicável através de palavras, como sob uma forma mais camuflada ou silenciosa. É este sofrimento que leva uma pessoa a aproximar-se de outra, tendo esperança de que esta possa aliviar as suas dores, uma vez que este adoecer psicológico é considerado a primeira medida que o aparelho mental adota para se defender da dor intolerável (Fleming,
2005).
No paciente toxicodependente, a dor mental apresenta-se disfarçada sob a forma de uma dor física num corpo maltratado ou num corpo que se encontra em estado de ressaca. O que os consumidores trazem à prática clínica são as suas dores psíquicas, mas que estão ou são silenciadas pelo efeito da substância, que mascaram esta dor com uma capa de negação de qualquer sofrimento psíquico (Fleming, 2005).
Fleming (2005) considera ainda a dor mental como sendo um fenómeno de fronteira, que se encontra entre o somático e o psíquico. Posto isto, a referida autora define a dor mental como sendo uma “constelação de sensações indefinidas de anseio, desamparo e aflição, para as quais o sujeito não encontra palavras ou representações”. Esta definição remete para uma experiência dolorosa que necessita de ser contida, mas que, uma vez ultrapassado o limiar de tolerância aos estímulos, transborda, o que